O que eu faria com R$ 113 milhões
Um ônibus do transporte coletivo urbano transporta em média 35 pessoas confortavelmente sentadas. Apertando ou de pé vai até mais gente. Para transportar 35 a 40 pessoas serão precisos pelo menos 10 carros, considerando que em cada um há quatro pessoas. Se forem apenas duas pessoas por veículo, então é preciso mais. Trinta e cinco carros na rua. A gente faz tudo errado neste país. O governo incentiva a produção e a venda de automóveis e não incentiva o uso do ônibus e do trem urbano. Aí é preciso construir pistas, duplicá-las, algumas ruas nas cidades com cinco pistas ainda assim não dão conta do trânsito pesado. Tem-se que projetar rotas alternativas, pensar no estacionamento, procurar soluções a todo instante para tentar resolver o caos urbano provocado pelo trânsito e a necessidade da mobilidade.
Em São Paulo, por exemplo, maior cidade brasileira , chega a ser paradoxal. Nos últimos anos, milhares de paulistanos das classes C e D realizaram o sonho de comprar um carro. Tudo graças ao aumento da renda familiar e do acesso a mais crédito. Por isso, a frota paulistana não pára de crescer. Este ano, a frota de veículos só na capital paulista já chegou a mais de 7 milhões. Segundo o Detran, a frota aumenta, em média, 20 mil por mês. Além dos congestionamentos, os veículos são responsáveis por 90% da poluição da cidade. Então o que faz as autoridades? Proíbem a circulação dos automóveis! Como assim, incentivam o cidadão a comprar e o proíbem de circular?
Hoje há no Brasil aproximadamente um ônibus para 649 pessoas. Em compensação, o carro cresceu muito mais. Em 2000, na média nacional, era um carro para 8,2 habitantes. Hoje é um carro para 5,2 brasileiros. Estudos revelam também que para cada ônibus novo colocado em circulação apareceram 52 carros a mais na rua.
Em 2000, o gasto do cidadão com transporte era equivalente a 18,7% de sua renda. Hoje os consumos relacionados ao transporte (o que inclui gastos maiores com combustíveis e peças por causa de congestionamentos) representam 20,1% dos gastos.
O brasileiro só não vai andar de ônibus ou de trem se ele for muito lento. Ninguém vai aguentar pegar o ônibus lotado e demorar até quatro horas para chegar em casa. O problema na hora do transporte é que os ônibus são mais lentos. Mais certamente mais pessoas usariam o transporte público se não houvesse tanto congestionamento. Recentemente andei de metro em São Paulo. Uma maravilha! Trens sempre no horário, rápidos, limpos e confortáveis.
Em Bento Gonçalves, onde há 60 mil veículos em circulação para uma população de 110 mil, a mobilidade urbana já é um desafio. Há porém na cidade um rota com trilhos de trem que corta a cidade de sul a norte, e até vai mais longe. Vai também para algumas localidades no interior. Quanto tempo teremos que esperar para que apareça finalmente um projeto ou uma ação de governo que priorize o uso do trem no transporte coletivo urbano? Trens modernos, estações de passageiros em vários bairros e tarifa única de transporte! Soube que autoridades públicas em Bento estão perguntando para a população onde deveria ser aplicado os R$ 113 milhões garantidos à cidade através de empréstimo federal. Direi no Trem urbano.
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