Feira do Livro em Bento se divulga por escândalos e não pela diversidade cultural
Ao comunicar por carta que não virá mais à Feira do Livro de Bento Gonçalves, o escritor Fabrício Carpinejar avalizou aquilo que muitos profissionais da imprensa em Bento já haviam dizendo em relação a contratação de Gabriel- O pensador pela prefeitura para ser patrono da feira do livro. "...Literatura não deve ser feita para atrair público, e sim para formar público";Gabriel, vai receber R$ 170 mil.

Ao decidir pela contratação de Gabriel O Pensador, o Sr. Prefeito que admitiu ter sido sua a decisão, não só desmoralizou seus secretários da cultura, da Casa das Artes e da Biblioteca Pública , como deixou claro a intenção de aproveitar o evento para se promover politicamente.

A imprensa em Bento já foi acusada de ser cinza, de enxergar tudo cinza, de não ver e noticiar as coisas positivas do governo Lunelli. Carpinejar também seria um escritor cinza?


Veja a íntegra da carta:

Querida Coordenação da Feira:

estou cancelando minha participação na 27ª Feira do Livro de Bento Gonçalves. Lamento fazer isso por todo amor que guardo pelos leitores da cidade.

É meu protesto pelo cachê absolutamente excessivo de R$ 170 mil destinado a Gabriel O Pensador. O artista (que eu admiro) não tem culpa de pedir o valor, porém a Prefeitura tem inteira responsabilidade de acatá-lo e não informá-lo da real capacidade cultural do município. O anúncio de pagamento ao músico é uma afronta às vésperas de pleito eleitoral.

Literatura não deve ser feita para atrair público, e sim para formar público.

Feira do Livro não é uma Oktoberfest, uma Fenavinho, uma plataforma popular de shows musicais e apresentações midiáticas. Feira é intensificar leituras em escolas e universidades ao longo do ano para propiciar debates e mesa-redondas com escritores durante uma semana.

Uma receita simples e imbatível: ler e comentar, ler e discutir, ler e produzir idéias coletivamente e transformar o pensamento.

O escândalo ? trazer grandes nomes com dinheiro público a preços estratosféricos ? é sempre a forma mais rápida de projeção nacional. A literatura é o modo mais lento, entretanto, com efeitos definitivos e perenes.

Quantas bibliotecas poderiam ser construídas com esse cachê? Quantas feiras poderiam ser realizadas com esse cachê?

Pense, querida coordenação, que o cachê é o equivalente a uma primeira parcela para fazer a Escola Municipal Infantil Paulo Freire, que acaba de ser inaugurada no Loteamento Panorâmico, no bairro São Roque, em Bento Gonçalves, para atender 240 crianças em turno integral.

Nas conversas telefônicas com a produção da Feira, aceitamos um valor padrão de R$ 1.000,00 (um mil reais), devido à alegação de que não haveria exceção, de que se tratava de uma regra extensiva aos demais participantes. A organização lamentou que não teria condições de exceder determinada quantia por limitação de orçamento. Vejo, infelizmente, que a Feira estava economizando com os autores gaúchos para pagar uma atração nacional.

Cuidado, a ilusão custa mais caro do que o sonho.

Grato,

abraço, Fabrício Carpinejar



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Milan Tomic

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