"Atentai Bem, Atentai Bem..."
No episódio de cassação do Senador Demostenes, entre os discursos dos senadores antes da votação derradeira, chamou-me a atenção a fala do senador Randolfe Rodrigues. Aliás esse Senador nos últimos dias foi um dos que mais se destacou nas denúncias, criticas e pedidos de cassação contra Demonstenes.

Randolfe Rodrigues citou o Sermão do Bom Ladrão, proferido pelo Pe. Antônio Vieira na Igreja da Misericórdia de Lisboa (Conceição Velha), perante D. João IV e sua corte. Lá também estavam os maiores dignitários do reino, juízes, ministros e conselheiros.

De fato o escrito retrata o atual momento político do país. Ele ataca e critica aqueles que se valiam da máquina pública para enriquecer ilicitamente. Denuncia escândalos no governo, riquezas ilícitas, gestões fraudulentas e, indignado, a desproporcionalidade das punições.

O padre adverte aos reis quanto ao pecado da corrupção passiva/ativa, pela cumplicidade do silêncio permissivo. O sermão apresenta uma visão crítica sobre o comportamento imoral da nobreza, da época. E portanto muito atual ainda em nosso caso.

Discursava o padre:

"...Navegava Alexandre em uma poderosa armada pelo mar Eritreu a conquistar a Índia; e como fosse trazido à sua presença um pirata, que por ali andava roubando os pescadores, repreendeu-o muito Alexandre de andar em tão mau ofício: porém ele, que não era medroso nem lerdo, respondeu assim: Basta, senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois imperador? Assim é. O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza: o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres..."

Mas Sêneca, que sabia bem distinguir as qualidades e interpretar as significações, a uns e outros definiu: " Se o rei de Macedônia, ou de qualquer outro, fizer o que faz o ladrão e o pirata; o ladrão, o pirata e o rei, todos têm o mesmo lugar, e merecem o mesmo nome".

E o senador disse mais:

"O que se exige de nós, homens da república, homens que têm a função da preservação da coisa pública, é mais do que se exige do cidadão. O decoro, a ética parlamentar em relação a nós é mais exigida, porque em relação a nós vale a velha máxima. Nós não podemos nos conformar com a palavra que cumpre o papel de convencer, nós temos que ser exemplo e fazer exemplo. Reiterando: é o exemplo que arrasta, a palavra apenas convence. "

Brilhante Senador!... é isso mesmo.

O que se espera agora é que as investigações continuem e os envolvido sejam punidos

Publicamente desmoralizado com base em fartas fontes probatórias, despediu-se uma andorinha, mas como uma andorinha não faz verão sai uma andorinha e provavelmente entrará outra semelhante. Assumirá o suplente Wilder Pedro de Moraes, empresário, sócio majoritário de empresas do ramo da construção civil, secretário de Infraestrutura de Goiás e ex-marido da atual mulher de Carlos Cachoeira. Então como diz o Senador Mão Santa: "Atentai Bem, Atentai Bem!".

A questão agora é saber quais as consequências da cassação de Demóstenes à CPMI.
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Milan Tomic

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