Uma postura autoritária, um pequeno grupo se concedeu o poder de decidir suprimir os direitos dos demais.

A ocupação de 364 escolas, pouco mais de 2,2% dos 16 mil locais em que se realizam provas do Enem neste fim de semana, e consequente adiamento do exame para 240 mil dos 8,6 milhões de inscritos é intolerável. A democracia pressupõe a convicção de que há direitos que não podem ser limitados pelos outros, e de que nem mesmo a absoluta nobreza de uma ideia justifica que se tente fazê-la valer pela força ou pela marra, sem diálogo e prescindindo dos canais institucionais. O não à PEC do Teto, já aprovada na Câmara e perto de ser votada pelo Senado, e à medida provisória que muda o ensino médio, é a principal frente de batalha para esse grupamento, mas daí impedir os direitos alheios é um movimento autoritário e condenável. Quando se tolera ou até se defende esse tipo de situação, quando se considera legítimo que um pequeno grupo se aproprie de uma escola inteira, prejudicando toda uma comunidade com a interrupção das aulas, quando não se percebe o risco antidemocrático que está embutido no próprio DNA desses protestos, as consequências mais graves não tardam a chegar.
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Milan Tomic

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