De volta ao Brasil, o empresário Joesley Batista deu uma entrevista exclusiva à Revista Época, na edição que chega às bancas neste final de semana. O conteúdo é bombástico contra Temer e seu grupo de ministros. Contra Eduardo Cunha também.
“O mais relevante foi quando Eduardo tomou a Câmara. Aí virou CPI para cá, achaque para lá. Tinha de tudo. Eduardo sempre deixava claro que o fortalecimento dele era o fortalecimento do grupo da Câmara e do próprio Michel”, afirmou.
Embora sem valor jurídico a entrevista nada mais é do que a revelação de muitas informações que o delator já deu a Janot em seu depoimento. “O Chefe é o presidente Temer”, disse. “Temer, Eduardo, Geddel, Henrique, Padilha e Moreira. É o grupo deles. Quem não está preso está hoje no Planalto”, afirmou ele à revista.
À Época, Joesley disse que o presidente costumava lhe pedir favores e tratava sobre propina com naturalidade. O empresário revelou ter medo da organização criminosa. "Essa turma é muita perigosa. Não pode brigar com eles. Nunca tive coragem de brigar com eles. Por outro lado, se você baixar a guarda, eles não têm limites. Então meu convívio com eles foi sempre mantendo à meia distância: nem deixando eles aproximarem demais nem deixando eles longe demais. Para não armar alguma coisa contra mim. A realidade é que esse grupo é o de mais difícil convívio que já tive na minha vida. Daquele sujeito que nunca tive coragem de romper, mas também morria de medo de me abraçar com ele".
O conteúdo publicado pela revista é muito grave para Temer, que tem viagem marcada para a Rússia e Noruega na semana que vem. A entrevista surge às vésperas de o Supremo Tribunal Federal discutir a validade do acordo de delação premiada que livrou o empresário de responder a processos. Também coincide com a contagem regressiva para que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresente a denúncia (acusação formal) contra Temer que pode afastá-lo do poder.
Os relatos e provas apresentados por Joesley são responsáveis pela mais grave crise enfrentada pelo governo Temer. Graças à ação coordenada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), em conjunto com a Polícia Federal, Temer passou de suspeito da Lava Jato à condição de formalmente investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção passiva, associação criminosa e obstrução de Justiça – o primeiro presidente da República a ser investigado, no Brasil, em pleno exercício do mandato.
A Época divulgou apenas parte da entrevista com Joesley. Trechos que envolvem Lula e Aécio, por exemplo, não foram divulgados no site da revista. A edição com a entrevista com o empresário estará disponível nas bancas neste sábado, 17.
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