Começa a cúpula do Mercosul em Bento Gonçalves

Bento Gonçalves, a cidade mais admirada do Brasil, recebe nesta quarta e quinta-feira, de forma inedita no país, um encontro da cúpula do Mercosul. Nunca na história um encontro entre chefes das maiores nações da América tinham acontecido em uma cidade brasileira além de Brasília. O encontro sinaliza o grande momento que a cidade, de pouco mais de 110 mil habitantes, localizada na serra gaúcha vive. No campo político, é também uma confirmação do protagonismo da cidade, muito creditado ao prefeito da cidade, Guilherme Pasin.

O Presidente da República, Jair Bolsonaro, deverá estar em Bento na quinta-feira (5). Passados mais de 30 anos, um presidente brasileiro volta a Bento Gonçalves. Além de 3 mil militares, o município também recebe cerca de 200 jornalistas, ministros, diplomatas e um grande número de funcionários públicos, assessores das principais autoridades dos países do bloco.

Batizada de Cúpula do Vale dos Vinhedos, o evento deverá marcado por duas transições no momento atual por ser a última dos governos da Argentina e do Uruguai. A grande questão a partir desse fato, é se o bloco avançará ou não na redução da tarifa externa comum. Os governos do Brasil e da Argentina até então, vinham concordando a respeito do tema. Porém, uma única divergência surgiu diante do assunto. A vontade do Brasil de redução mais rápida, é controversa a da Argentina, que propunha uma redução mais gradual, que durasse, pelo menos, mais quatro anos. Isso, caso Mauricio Macri fosse reeleito, o que não aconteceu.

A ideia inicial dos mandatários da Argentina e do Brasil era terminar finalmente de convencer seus pares do Uruguai e do Paraguai a baixar de modo substancial a tarifa externa comum. A informação foi dada pelo chanceler argentino, Jorge Faurie, na última semana.”Formamos um grupo de trabalho no começo do ano, e os quatro países concordaram que nossa taxa é muito alta, o que diminui a competitividade das quatro economias. Também concordamos todos que devemos trabalhar sobre isso para dirimir as diferenças”, disse Faurie.

A taxa vigente há mais de 20 anos tem média de 12% – em alguns setores, como o automotivo, é de 35%- e é das mais altas do mundo. A tarifa externa comum é vista pelo presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández, como necessária para proteger os produtores nacionais. Um dos motores de sua campanha foi a promessa de que iria “priorizar a indústria nacional”. Isso significa, na prática, voltar a adotar medidas protecionistas, algo que a parceria Bolsonaro-Macri não desejava.

Nem o novo governo da Argentina – que tem início dia 10 de dezembro – e nem o do Uruguai – que começa em março de 2020 – quiseram mandar representantes para opinar sobre o tema. O presidente eleito do Uruguai, Luis Lacalle Pou, já manifestou estar alinhado a Bolsonaro no quesito flexibilização do Mercosul, mas não detalhou ainda sua opinião sobre a tarifa comum. Lacalle Pou sequer escolheu seu próximo ministro da economia. ( Com conteúdo do Estadão).


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Milan Tomic

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