Por 6 votos a 5, o STF sepultou a prisão de condenados após julgamento em segunda instância, um dos pilares do combate à corrupção no Brasil.
A espetacularização, os longos discuros, ou seriam palestras? proferidas pelos magistrados, a mídia toda com seu olofotes no caso, monstrou mais uma vez o quanto o teatro do judiciário brasileiro colabora para um estado geral de coisas, onde a sociedade não consegue mais acreditar nas instituições e na justiça.
Ora, permitir que os réus interponham dezenas de recursos com o fito de adiar a execução da pena cria na sociedade uma sensação de impunidade e insegurança, na medida em que o processo penal transmitiria uma sensação de impunidade, estimulando a prática de novos crimes.
O erro não é de agora, o erro é anterior. Em um só ato, tragédia e comédia. Tecnicamente o STF corrige o erro, pois a constituição é clara: perante ela, todos têm a garantia de que somente serão considerados culpados após o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.
Delinquentes poderosos, donos de contas polpudas — em geral, políticos capazes de contratar bancas advocatícias a peso de ouro — receberam sinal verde para poder delinquir livremente, até o trânsito em julgado, que pode nunca chegar para eles.
Nessa tragicomédia que se desenvolve pelo menos desde 2016, a sociedade continua com a sensação de que estamos sem lei.
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