O Brasil chegou esta quinta-feira à marca de 40.276 pessoas mortas em decorrência da Covid-19. Um boletim divulgado por veículos de imprensa indica também que, nas 12 horas anteriores, foram registrados 479 novos óbitos por coronavírus. Também foram notificadas 12.305 novas infecções, totalizando 787.489 desde o início da pandemia no país.
O levantamento foi realizado com dados das secretarias estaduais de Saúde, coletados por um consórcio de veículos de imprensa, formado por O GLOBO, Extra, G1, Folha de S. Paulo, UOL e O Estado de S. Paulo.
O país é responsável por aproximadamente 56% dos óbitos e 53% dos casos de Covid-19 na América Latina. O número de casos brasileiros tem crescido mais rápido do que nos EUA. Lá, o Centro para Prevenção e Controle de Doenças reportou na quarta-feira 17.376 novos casos e 950 novos óbitos. No total, o país tem mais de 2 milhões de infectados.
Para Lígia Bahia, especialista em saúde pública e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ainda que as estatísticas brasileiras sejam assombrosas, a realidade é ainda mais grave. “Há subnotificação de óbitos. Um dia tudo isso vai ser contabilizado. A Covid-19 será objeto de muita pesquisa, investigação. Esses números vão aparecer. O importante é o que já aparece é demais da conta. As previsões, na melhor das hipóteses, é que chegaremos a 110 mil mortos notificados, segundo o CDC europeu, o que é uma hecatombe”.
O Brasil, na avaliação de Lígia, chama atenção na comparação com outros países. Após meses de avanço da Covid-19, o país ainda não chegou ao pico da doença.
“O que conseguimos observar no Brasil é uma curva diferente. Com 80 dias de pandemia, ela continua crescendo. É completamente assustador. Se compararmos com outros países, as curvas entram em um platô antes dos 80 dias. A nossa, não. Precisávamos ter observado as recomendações internacionais e nacionais”, prossegue a professora da UFRJ. “Não temos ministro, e, enquanto isso, temos uma proposta de manipulação descarada das informações”.
Ainda segundo a especialista, a curva epidemiológica brasileira não foi capaz de mudar o comportamento brasileiro. “O núcleo da Presidência da República tem uma concepção de que a Covid-19 não é um problema, sequer uma emergência nacional. Muito menos um problema internacional, uma pandemia, a maior tragédia humanitária que o mundo já viveu”, afirmou Lígia.
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