Menos de três meses após rejeitar a denúncia por corrupção passiva contra o presidente Temer, a Câmara barrou também a que acusava o peemedebista e seus ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco de organização criminosa e obstrução de Justiça. Com um balcão de negócios aberto para conseguir a vitória, o Planalto obteve 251 votos a favor do relatório que rejeita a denúncia do ex-procurador- geral Rodrigo Janot. Votaram contra Temer 233 deputados, dois se abstiveram e 25 se ausentaram. Livre, por ora, dos obstáculos jurídicos, o governo vai tentar aprovar a reforma da Previdência e ampliar a coalizão política.
Se por um lado a aparente estabilidade política que se deseja daqui para frente acontecer, ganha o país. Se Michel Temer sofresse uma derrota nesta quarta-feira (25), seu governo terminaria e o país estaria mergulhado de novo em um crise com efeitos ruins especialmente para a retomada da economia. Não vai ser fácil o presidente conseguir aprovar o que todos sabem que é fundamental para o país. O custo político das negociações ficou alto. Depois de dois anos de grande recessão (8%, índice histórico, e queda de 10% na renda per-capita), a economia parou de cair, mas não se recuperou na velocidade necessária a fim de reduzir um desemprego de ainda 13 milhões de pessoas. Estabilizar o quadro político é crucial para se avançar na agenda das reformas e ajudar a economia. Mas não pensem que Temer terá até o final do mandato calmaria, porque é certa pelo menos mais uma denúncia contra ele pela PGR, que deve acusá-lo de obstrução da Justiça, no caso do pagamento de propinas ao ex-presidente da Câmara, o ex-deputado Eduardo Cunha, e ao operador financeiro Lúcio Funaro, para que ambos permaneçam em silêncio e não façam acordos de delação premiada.
Então a apresentação de mais uma denúncia — com a possibilidade de haver uma terceira, sobre organização criminosa — reativará a crise política, e o governo mais uma vez será obrigado a concentrar esforços para que aconteça o que houve ontem: que a Câmara rejeite a autorização a fim de que o Supremo analise a acusação da PGR.
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