Por que não se deve bater em Bolsonaro e sim expô-lo, como o que ele de fato é

Resultado de imagem para bolsonaroArtigo escrito por  Augusto de Franco


Por que não se deve “bater em Bolsonaro” e sim expô-lo, como o que ele de fato é, à opinião pública. Ou por que não é necessário mentir: de todas, a candidatura Bolsonaro é a mais vulnerável à verdade
Os candidatos do campo democrático não devem “bater em Bolsonaro”, ou evitar “bater em Bolsonaro” como dizem certos jornalistas e analistas tolos. Nada disso. A expressão passa a ideia de intolerância ou de que se está fazendo algum tipo de maldade ao criticar o candidato.

Além disso, bater de verdade em Bolsonaro, caluniá-lo, detratá-lo, não é inteligente na medida em que pelo menos a metade das pessoas que declaram voto em Bolsonaro não são bolsonaristas militantes, fiéis, fanáticos do capitão e sim apenas eleitores revoltados com a velha política e “com tudo isto que está aí”. Essas pessoas não veem outra saída senão votar em alguém tido por honesto (o que seria obrigação) e apresentado como um outsider (embora não o seja), alguém que poderia dar um choque no sistema para não continuar “tudo como está”. Bater em Bolsonaro reforçaria o voto desses contrariados com o velho sistema político (que, em grande parte, apodreceu mesmo).

Não se trata, portanto, de “bater em Bolsonaro” e sim de expor à opinião pública quem é, na verdade, Bolsonaro. E isso se fará, simplesmente, apresentando o que ele próprio declarou (de preferência em vídeo). Os democratas, como agentes fermentadores da formação da opinião pública, têm esse dever: desfazer a imagem marqueteira apresentada falsamente às pessoas e mostrar quem é Bolsonaro (por ele mesmo). Claro que isso não impede, adicionalmente, a crítica, que é parte essencial do processo político-eleitoral nos regimes democráticos. Mas sempre uma crítica educada, racional, sem hard feelings, sem ódio, sem mentiras, sem qualquer tipo de demonização (o contrário, por exemplo, de que Dilma fez com Marina em 2014 – aquilo sim foi “bater em Marina”). Não é necessário fazer nada disso, inventar mentiras sobre Bolsonaro: basta a verdade. De todas, a candidatura Bolsonaro é a mais vulnerável à verdade.

Não se trata de mera escolha eleitoreira orientada pelo marketing bruto de campanha. Trata-se de compromisso inarredável com a democracia. Bolsonaro não pode ganhar a eleição, não pelos seus defeitos pessoais e sim porque ele representa e encarna um projeto maligno para a democracia.

As pesquisas mais recentes de intenção de voto não são boas para Bolsonaro. Pesquisas feitas entre 7 e 10 de setembro, estão ainda sob efeito da comoção da agressão bárbara de que ele foi vítima. Mesmo assim, não revelaram um crescimento do candidato fora da margem de erro e nem diminuíram sua rejeição (que continua aumentando). A hipótese de que ele já estava eleito depois da facada era fake. Era pura propaganda bolsonarista, na qual caíram muitos jornalistas e analistas políticos.

Não fosse a comoção causada pela facada, a super-exposição que se seguiu em todos os meios de comunicação de massa e a trégua que (corretamente) lhe deram os concorrentes, é bem possível que a rejeição a Bolsonaro estivesse batendo na casa dos 50%. O objetivo dos democratas deve ser elevá-la para 60%. Não se trata de “bater nele” e sim de expor, fielmente, sem qualquer apelação, suas propostas antidemocráticas.

Não falta material – em vídeo, áudio, fotos e reportagens dos meios de comunicação que registraram suas declarações – para falar a verdade sobre Bolsonaro, sem “bater nele”. Vejamos apenas cerca de vinte exemplos (entre dezenas):

1. “Eu sou favorável à tortura, tu sabe disso” (A um programa de TV, em 1999)

2. “O erro da ditadura foi torturar e não matar” (Jair Bolsonaro, em programa de rádio)

3. “Pinochet devia ter matado mais gente” (Bolsonaro sobre a ditadura chilena de Augusto Pinochet. Disponível na revista Veja, edição 1575, de 2 de Dezembro de 1998 – Página 39)

4. “Se fuzilassem 30 mil corruptos, a começar pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, o país estaria melhor” (Declaração de Bolsonaro em maio de 1999)

5. “Para o crime que ele (FHC) está cometendo contra o país, sua pena devia ser o fuzilamento” (Bolsonaro após almoço, no dia 28 de dezembro de 1999, no Rio).

6. “Seria incapaz de amar um filho homossexual. Prefiro que um filho meu morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí” (Jair Bolsonaro em entrevista sobre homossexualidade na revista Playboy)

7. “Não te estupro porque você não merece” (Jair Messias Bolsonaro, para a deputada federal Maria do Rosário)

8. “Eu não corro esse risco, meus filhos foram muito bem educados” (Bolsonaro para Preta Gil, sobre o que faria se seus filhos se relacionassem com uma mulher negra ou com homossexuais)

9. “A PM devia ter matado 1.000 e não 111 presos” (Bolsonaro, sobre o Massacre do Carandiru)

10. “Não vou combater nem discriminar, mas, se eu vir dois homens se beijando na rua, vou bater” (Afirmação de Jair Bolsonaro após caçoar de FHC sobre este segurar uma bandeira com as cores do arco-íris)

11. “O filho começa a ficar assim meio gayzinho, leva um coro ele muda o comportamento dele. Tá certo? Já ouvi de alguns aqui, olha, ainda bem que levei umas palmadas, meu pai me ensinou a ser homem” (Em programa da TV Câmara em novembro de 2010)

12. “Eu fui num quilombola em Eldorado Paulista. Olha, o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem para procriador ele serve mais. Mais de R$ 1 bilhão por ano é gastado com eles” (Em palestra no Clube Hebraica, abril de 2017)

13. “Fui com os meus três filhos, o outro foi também, foram quatro. Eu tenho o quinto também, o quinto eu dei uma fraquejada. Foram quatro homens, a quinta eu dei uma fraquejada e veio mulher. (Palestra no Clube Hebraica, abril de 2017)

14. “90% desses meninos adotados vão ser homossexuais e vão ser garotos de programa com toda certeza desse casal” (Em vídeo reproduzido no programa de Danilo Gentily, sobre adoção por casais gays)

15. “Você é uma idiota. Você é uma analfabeta. Está censurada!” (Declaração irritada de Jair Bolsonaro ao ser entrevistado pela repórter Manuela Borges, da Rede TV. A jornalista decidiu processar o deputado após os ataques)

16. “Parlamentar não deve andar de ônibus” (Declaração publicada pelo jornal O Dia em 2013)

17. “Mulher deve ganhar salário menor porque engravida” (Bolsonaro justificou a frase: “quando ela voltar [da licença-maternidade], vai ter mais um mês de férias, ou seja, trabalhou cinco meses em um ano”)

18. “Conheci e fui amigo do Ustra… O coronel recebeu a mais alta comenda do Exército, é um herói brasileiro. Se não concordam, paciência” (Bolsonaro em discurso na sessão do conselho de Ética da Câmara dos Deputados, respondendo a acusação de ter incentivo a tortura ao elogiar o conhecido torturador militar Carlos Alberto Brilhante Ustra, em 08/11/2016)

19. “Vamos fuzilar a ‘petralhada’ toda aqui do Acre. Vamos botar esses picaretas para correr do Acre” (Declaração – em vídeo – de Bolsonaro em comício em Rio Branco no dia 1 de setembro de 2018).

Uma parte dessas infelizes e antidemocráticas declarações, antigas e recentes, está gravada em vídeo. Não é necessário “bater em Bolsonaro”.

Quem está batendo em Bolsonaro é o próprio Bolsonaro, não seus adversários eleitorais. Basta mostrá-lo à opinião pública como o que ele de fato é. E deve-se, sim, criticar as suas ideias. Não se pode deixar de fazer isso em nome da solidariedade ao candidato que sofreu uma injustificável e brutal agressão. A solidariedade humana a Bolsonaro e a condenação da violência que sofreu não têm nada a ver com deixar de criticar suas propostas antidemocráticas. A crítica deve continuar: é parte essencial do processo democrático.

Um amigo me disse hoje. Não é hora de bater em Bolsonaro. É hora de fazer campanha para ele, mostrando à população, com fidelidade, tudo que ele já falou. O Bolsonaro de verdade é imbatível contra o Bolsonaro do marketing eleitoral. 


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Milan Tomic

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